A Importância do Brincar

Quando observamos uma criança brincando não imaginamos a importância que essas ações favorecem ao seu desenvolvimento.

A brincadeira está presente no dia a dia das crianças desde primeiros meses de vida. Inicialmente os brinquedos são os adultos que os rodeiam e interagem com elas, depois essa interação passa a ser influenciada pelos brinquedos e brincadeiras.

Todo esse processo contribui para a construção de sistemas internos (afetividade, emoção, autoestima), bem como para a comunicação com o mundo exterior. São meios privilegiados dela expressar os seus sentimentos e aprender.

O brincar é concebido como a preparação para a inserção no mundo adulto, como afirma Vygotsky (1984), ao brincar, a criança é capaz de fazer mais do que ela compreende, e justamente esta ação permite que compreenda todo esse movimento.

De acordo com os estudos de vários autores, é pelas brincadeiras que a criança explora e reflete sobre a realidade e a cultura na qual está inserida, interiorizando-a.

A experimentação de diferentes papéis sociais (o papel de mãe, pai, bombeiro, super-herói) através do faz-de-conta, permite à criança compreender o papel do adulto e aprender a comportar-se e sentir-se como ele, constituindo-se como uma preparação para a entrada no mundo dos adultos.

A criança procura assim, conhecer o mundo e conhecer-se a si mesma.

Vale ressaltar que, através da brincadeira, a criança tem oportunidade de vivenciar situações e conflitos do seu contexto familiar e social, o que permite expressar-se emocionalmente.

Brincar é uma forma das crianças encenarem os seus medos, as suas angústias e a sua agressividade e de tentarem buscar soluções os seus conflitos internos.

Os jogos, nos quais o perder e o ganhar estão presentes, permitem que a criança possa começar a trabalhar a sua frustração. Aprender tais conceitos é essencial para o seu equilíbrio emocional e para o desenvolvimento da personalidade.

Segundo Kishimoto (2008) para a criança, o brincar é a atividade principal do dia a dia. É importante porque dá à ela o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, de solucionar problemas e criar.

Não podemos deixar de citar a importância do brincar no desenvolvimento do raciocínio, da atenção, da imaginação e da criatividade, fatores que ajudarão a criança a pensar de forma criativa.

Podemos confirmar esse apontamento nos estudos de Winnicott (1975), onde ele ressalta que o brincar é importante, pois é através dele que se manifesta a criatividade, e ainda é a oportunidade de construção do Eu, que é ao mesmo tempo, descoberto e construído, este processo só acontece plenamente no ambiente da brincadeira.

Ainda abordando a importância do brincar para o desenvolvimento infantil, temos a contribuição de Piaget (1978), onde ele diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.

Os pais têm um papel fundamental nos momentos do brincar, que vai desde à preparação dos espaços à seleção dos brinquedos, oferecendo à criança um ambiente favorável e enriquecedor para a imaginação. Os adultos que fazem parte do contexto infantil devem vivenciar, sempre que possível, esses momentos, pois assim estreitam-se os laços afetivos e a interação social.

É muito importante ressaltar que enriquecedor não significa proporcionar brinquedos caros, tecnológicos, podemos fazer o uso de materiais recicláveis, assim como garrafas PETS, meias, bolinhas, entre outros objetos.

Parece estranho conversar com a boneca, brincar de médico, imitar bichos, se fantasiar, essas atividades são brincadeiras de grande intensidade afetiva, esta fase é marcada pelo simbolismo, ou faz-de-conta (4 anos). Imitando a criança cria histórias nas quais há grande preocupação em seguir a sequência que ela conhece na sua realidade, como ir à escola, comer, tomar banho etc.

A partir dos seis anos é o período dos jogos de regras, que supõe relações e interações sociais, na medida em que são transmitidos de geração a geração e suas características são independentes da vontade dos indivíduos que participam deles, é momento de aprender a ganhar e perder, e compreender que o indivíduo faz parte de um grupo social.

Podemos concluir a importância do ato de brincar para as crianças, além disso a importância de se pensar nos instrumentos e nos espaços para essas atividades acontecerem.

Outra questão importante é a interação do adulto, seja ele família ou educador. Deixar-se levar e envolver-se nas atividades lúdicas com seus filhos e alunos, com certeza esses momentos trarão vivências e aprendizados para toda a vida.

Referências:

BROUGERE, G. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 2010.

KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2011.

PIAGET, J. A Formação do Símbolo na Criança: imitação, jogo e sonho, imagem e Representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

WINNICOTT D. W. O brincar e a realidade. Imago, 1975_________ A criança e o seu mundo. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1982

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