Como cuidar da saúde emocional na pandemia?

Cuidar das emoções nunca foi tão importante, pois já estamos há um ano em pandemia do Coronavírus, e vivenciamos um aumento de casos de Covid-19 pela nova variante com maior facilidade de contágio, fato que exige cuidados redobrados de higiene e de distanciamento social.

É importante entendermos que cada pessoa está sendo afetada de um jeito. Além disso, as crianças e adolescentes podem manifestar o sofrimento psíquico com a mudança de comportamento, isso pode ser uma resposta natural a tudo que estamos vivendo, porém requer ajuda dos adultos, e em alguns casos dos profissionais da saúde. Portanto, é fundamental entendermos como essas mudanças impactam a nossa saúde mental.

As pessoas estão mais cansadas, estressadas e ansiosas. Diante desse contexto, salienta-se que é esperado um aumento das emoções como medo, ansiedade, irritação, raiva e insegurança, e essas emoções precisam ser elaboradas.

As pesquisas, e a busca de atendimento psicológico, apontam um aumento considerável de casos de depressão e ansiedade em todas as faixas etárias, mas principalmente em crianças, adolescentes, mulheres e idosos.

A ansiedade é uma resposta normal e adaptativa de proteção. Ela se torna um problema quando se manifesta por preocupação excessiva e incontrolável, irritação, agitação, dificuldade de se concentrar e insônia. Já a depressão apresenta os seguintes sintomas:  humor irritável, tristeza persistente, perda de prazer nas atividades do dia a dia e pensamentos negativos, além de prejuízos no sono e no apetite também são frequentes.

A ansiedade e a depressão podem prejudicar os relacionamentos familiares, o desempenho escolar e profissional. A boa notícia é que tanto a ansiedade como a depressão podem ser reduzidas com o tratamento adequado. O profissional da psicologia e da psiquiatria dispõem de tratamentos eficazes.

Para ajudá-los a cuidar das emoções, compartilho algumas estratégias:

Identificar as emoções: os adultos podem ajudar as crianças e os adolescentes a reconhecerem e lidarem com as emoções. Mostre que você considera as preocupações dos seus filhos importantes e apropriadas. Fale das próprias emoções e conte sobre eventos adversos que você já viveu e quais estratégias utilizou para gerenciar as emoções.

Acesse as notícias com moderação: se as crianças e crianças mais velhas querem assistir às notícias e é algo que você julgue adequado para o momento, assista com elas e esteja pronto para responder perguntas que podem ser levantadas. Procure acessar os noticiários pela parte da manhã para não atrapalhar o seu sono.

Seja um modelo de calma e serenidade para as crianças: a forma como os adultos se comportam impacta nas emoções e no comportamento dos filhos. Se os pais estão estressados, as crianças e adolescentes podem reagir com agressividade, ou ficarem mais dependentes dos pais. Lembre-se de que os pais servem de modelo, se você está demonstrando calma, a criança entende que é dessa maneira que se lida com situações difíceis.

Escolher alguns minutos para fazer pausas ao longo do dia para olhar para si mesmo, para a própria ansiedade, tentando focar no momento presente pode ajudar a modelar calma para as crianças.

Mantenha uma rotina: mudanças significativas nas rotinas ou horários diários costumam ser estressantes para as crianças, a rotina traz segurança para todos, tenha horário definido para dormir e acordar, fazer as refeições, estudar, trabalhar, exercitar-se e ter momentos de lazer em família para reduzir o estresse.

Mantenha a conexão com os familiares e amigos: utilize a tecnologia e a internet para manter-se conectado e aumentar o vínculo com os amigos e familiares. Seja por mensagem, ligação ou vídeo. Forneça conforto para as pessoas que você ama.

Cuide da sua própria saúde mental: para cuidar dos outros você precisa estar bem. Então consulte um profissional da psicologia para desenvolver estratégias para lidar com o estresse e aumentar o bem-estar.

Acredito que a pandemia pode ser uma oportunidade de aprendizado e, principalmente, de cuidar da saúde emocional para sairmos mais fortalecidos emocionalmente. Conte comigo!

Denise A. Wendland

Psicóloga e Neuropsicóloga CRP 06/110172

Referências consultadas:

Tisser L. (2018) Transtornos Psicopatológicos na Infância e na Adolescência. Novo Hamburgo: Sinopsys.

Santos MFR & Oliveira MEF (2020) Saúde mental em tempos de covid-19: a importância do atendimento psicológico remoto. Revista Transformar |14, Edição Especial “Covid-19: pesquisa, diálogos transdisciplinares e perspectivas”, mai./ago