A importância da atividade física para a pessoa com deficiência

A qualidade de vida e a saúde estão diretamente ligadas à rotina de hábitos diários, ou seja, ao estilo de vida de cada indivíduo. Além disso, sabe-se que as doenças associadas ao sedentarismo, mesmo que se manifestem na vida adulta, tem seu início na infância e adolescência. Destaca-se então, a importância da regularidade da prática de atividades físicas como forma de reabilitação e manutenção de um estilo de vida saudável.

O exercício contribui para a integridade cerebrovascular, com aumento de transporte de oxigênio para o cérebro e da capacidade funcional, melhora da atividade do sistema cardiorrespiratório, bem como a diminuição da pressão arterial, dos níveis de colesterol e triglicérides. Em termos psicológicos percebe-se que indivíduos com a vida ativa tem uma qualidade de vida melhor, com o aumento do bom humor, redução do estresse, autoconceito mais positivo e auto aceitação, promovendo o desenvolvimento biopsicossocial.

A preocupação quanto ao sedentarismo cresce quando falamos de pessoas que possuem deficiência física, pois, muitas vezes o acesso às atividades por esta população é restrito, por serem necessários cuidados desde adaptações de atividades até a utilização de recursos para locomoção, além de todas as barreiras arquitetônicas no caminho. Apesar das muitas conquistas envolvidas no que se diz respeito a inclusão, sabemos que ainda há muito a se fazer para que possam usufruir de seus direitos como todo e qualquer cidadão. Portanto, o apoio social da família, dos amigos e da sociedade em geral é considerado fundamental para que elas adotem um estilo de vida mais ativo.

É importante nos preocupar sobre como esse corpo reage, como se sente, como guarda a sua vivencia emocional, sensorial e corporal através do movimento. O organismo depende diretamente da estimulação externa, que o faz funcionar e determina as suas respostas sensoriais, considerando as diferenças individuais e os diferentes níveis de desenvolvimento sensório motor.

É preciso planejar qual a melhor maneira de executar as atividades, de forma gradativa, proporcionando primeiramente toda a segurança necessária, oferecendo as adaptações pertinentes, respeitando as limitações e dando enfoque nas potencialidades de cada indivíduo. É de extrema importância o acompanhamento da equipe multiprofissional capacitada e o envolvimento da família em todo processo, visando desenvolver habilidades motoras e funcionais, integração social, reabilitação e lazer.

Podemos praticar a empatia, nos colocando no lugar do outro, aprendendo com as diferenças e até mesmo atuando de forma prática, conduzindo triciclos adaptados, literalmente “emprestando” nossas pernas aos que, pelas mais diferentes causas, não teriam a possibilidade de frequentar áreas de lazer e turismo, ou até mesmo de cruzar uma linha de chegada. Este, é só um dos exemplos das diversas formas de se envolver de forma efetiva nesse tipo ação, com toda certeza cada um de nós pode encontrar uma oportunidade de colaborar através das suas próprias habilidades e disponibilidade.

Tive a oportunidade de participar como condutor na primeira corrida com o projeto Pernas Caipiras, a sensação é indescritível, desde a preleção, em todo percurso, até a linha de chegada. Nós condutores, emprestamos nossas pernas e damos todo suporte afetivo, emocional e sensório motor necessários, mas somos ‘’invisíveis’’ nesse momento, a corrida é deles! Dar suporte para que os mesmos possam sentir os efeitos da corrida, receber todas as informações e gerar uma resposta sensorial adaptativa naquele momento, juntamente da família e de pessoas incríveis desse projeto, realmente não tem preço.

Recebi o convite dos pais para participar de mais dois treinos com os Pernas, onde pude ver na prática da corrida adaptada, resultados que não consigo em uma sessão de fisioterapia. A melhora da higiene brônquica e do padrão respiratório foi imediato, além de toda energia e alegria envolvida no momento.

A atividade física adaptada deve ser encarada como uma experiência lúdica e prazerosa facilitadora para melhoria da qualidade de vida, além da oportunidade de vivenciar sensações que não são possíveis por conta das diversas limitações. A família também deve praticar atividades físicas para estarem bem e poder dar um melhor suporte ao deficiente. O simples fato da pessoa com deficiência estar envolvida em ambientes comuns para prática de atividades física ou participando de eventos esportivos, já traz inúmeros benefícios quando consideramos o relacionamento inclusivo. A sociedade em geral além de se exercitar, pode se envolver, em caráter voluntário, em projetos e ações que incentivam a interação entre pessoas com e sem deficiência, cumprir o papel de cidadãos, cobrando dos nossos governantes, melhorias efetivas, promovendo uma melhor conscientização e o respeito à adversidade.

Com carinho e afeto!!!

Leonardo Maximiano Fisioterapeuta – Crefito 3 144979-F

Referências bibliográficas

  • GOMES, L. R. N., et. al. A importância da prática esportiva para pessoas com deficiência, CIAFIS, setembro de
  • LEHNHARD, G. R., MANTA S. W., PALMA L. E. A prática de atividade física na história de vida de pessoas com deficiência física, Rev. Educ. Fís/UEM, v.23, n. 1, p. 45-46, 1. Trim.
  • SILVA, T. D. da, et. al. Análise da prática de atividade física em cadeirantes: uma revisão de literatura. Rev. Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 3, Ed, 02, 04, p. 109-123. Fevereiro de 2018.

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